terça-feira, 3 de abril de 2012

Linux e FSF


... sem ressentimentos Mr. Stallman

Ok, fazia tempo que eu não acessava a página da GNU... mas hoje tomei um susto! O Stallman se converteu... Linux na página da GNU? #WTF?

Bem, preciso explicar a surpresa!

No final dos anos 80, tínhamos poucas escolhas de SOs que rodassem nos ainda caros PCs. Um PC-XT custava o equivalente a $2500 dólares no Brasil e, montando nossos hardwares conseguíamos baixar uns $500 dólares. A comunidade científica ficava a mercê do DOS da IBM ou da Microsoft e, uns poucos illuminati tinham acesso ao Minix (que rodava em PC-AT 386).

Nós sabíamos que um tal de Stallman estava desenvolvendo um kernel Unix na Free Software Foundation (FSF), e esperávamos que o mesmo fosse liberado para nos tirar deste domínio feroz da MS e IBM. Apesar de muitos tentarem obter o código do Hurd (como é chamado o kernel da GNU) o Stallman o guardava a sete chaves.

Foi uma benção, o fato de um estudante da Finlândia, chamado Linus Torvalds, pegar o kernel do Minix e criar o kernel do Linux. "God bless Linus Torvalds". O que "emputeceu" o Stallman foi o fato de que a comunidade, ávida por uma mudança, adotou o Linux com uma rapidez impressionante. Além disso, um número significativo de aplicativos que rodavam sobre o Linux eram da GNU; e ele queria o nome GNU vinculado ao novo kernel. Algo como: GNU/Linux.

O Linus Torvalds e o Jon "Maddog" Hall não concordavam por dois motivos que o próprio Maddog me explicou. Primeiro, porque nem todo software que rodava no Linux era da GNU (X Windows, sendmail, vi, vários shells, OpenOffice etc. conforme ele mesmo cita). Em segundo lugar, porque, perante a legislação dos Estados Unidos, colocar duas trademarks juntas enfraquece a ambas. Mas isto não convenceu o "dono" da discórdia e o nome Linux passou a ser quase um tabu para o Stallman.

Explicada minha surpresa, em uma análise mais detalhada do site da GNU encontrei várias distros chamadas de GNU/Linux [1] (para testar e comentar no futuro) e uma explicação de porque as outras distros são excluídas [2]. Segundo o Stallman, são distribuições que trazem em si ou permitem instalação de programas não open source. Errr... qual o problema? Se eu quiser comprar um programa que rode no Linux ou no FreeBSD não vejo nenhum!

Mas, sinceramente, parece haver um erro de interpretação do Stallman. Hoje não temos mais apenas PCs. Temos laptops, smartphones, tablets etc. que precisam de drivers proprietários para rodar os diversos SOs. Esta "turronice" do Stallman não tem sentido. Mas ele é complicado mesmo. Ele é tão radical que não participa de conferências onde o nome Linux não esteja associado ao GNU, como GNU/Linux. Ainda por cima, diferentemente do Maddog que é super "gente fina", o Stallman não faz nenhum esforço para ser simpático (veja neste blog um comentário: http://stulzer.net/blog/2008/03/18/a-terrivel-semana-que-richard-stallman-ficou-na-minha-casa/).

Acho que ele devia acabar o GNU/Hurd no lugar de ficar reclamando, mas parece que ele mesmo já se desencantou:

Stallman said that he was "not very optimistic about the GNU Hurd. It makes some progress, but to be really superior it would require solving a lot of deep problems" [3]

Pode ser que nesta era de novos gadgets achem um lugar para o Hurd também!

... E viva a diversidade!

Referências

[1] http://www.gnu.org/distros/free-distros.html

[2] http://www.gnu.org/distros/common-distros.html

[3] http://en.wikipedia.org/wiki/GNU_Hurd

Crédito da imagem: http://www.gnu.org

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